domingo, 3 de julho de 2011

Estudo da Condução Nervosa

O estudo da condução nervosa corresponde à primeira parte da eletroneuromiografia. É fundamental no diagnóstico da maioria das doenças neuromusculares, sendo a técnica mais sensível para a detecção das neuropatias periféricas. Pode diferenciar entre degeneração axonal e desmielinização, o que é de extrema importância para o diagnóstico diferencial e tratamento das neuropatias periféricas. Além disso, pode distinguir mononeuropatias isoladas ou múltiplas mononeuropatias de polineuropatias. Adicionalmente, é importante no diagnóstico das doenças do neurônio motor, radiculopatias, plexopatias, doenças da transmissão neuromuscular e miopatias.

Baseia-se na aplicação de estímulos elétricos nos nervos motores, sensitivos ou mistos, com registro dos potenciais de ação na tela do equipamento.

Antes de iniciar o estudo da condução nervosa o eletromiografista deve explicar o procedimento ao paciente com palavras simples. Geralmente os pacientes chegam ansiosos para a realização do exame. Uma conduta cordial diminui bastante a ansiedade. Mantenha o interesse no paciente como pessoa e não como mais um caso clínico a ser superado.

Uma história focada ao problema neuromuscular em questão e um exame neurológico direcionado são fundamentais para o planejamento da condução nervosa. Vale a pena perder um pouco de tempo antes de iniciar o exame. Resista à tentação de fazer um diagnóstico prematuro sem analisar todos os detalhes do caso.

Os aspectos mais importantes da avaliação são:
• Fraqueza (simétrica, assimétrica, generalizada, focal)
• Atrofia ou hipertrofia
• Reflexos tendinosos
• Perda sensitiva (tátil, dolorosa, vibratória, posicional)
• Presença de deformidades musculoesqueléticas (ex: pé cavo)
• Miotonia
• Fasciculações
• Marcha
• Dor
• Déficit de pares cranianos

Faça um amplo diagnóstico diferencial para todos os pacientes. Quando uma doença não é lembrada é impossível que seja diagnosticada.

Lembre-se da limitação dos testes eletrodiagnósticos. Interprete os achados sempre correlacionando com as manifestações clínicas. Diagnósticos eletrofisiológicos em pacientes assintomáticos devem ser feitos com cautela.

A comparação com o membro contralateral é sempre recomendada. Portanto, condução nervosa bilateral é sempre obrigatória para uma interpretação adequada. Diferenças de até 50% na amplitude dos potenciais sensitivos e motores são consideradas aceitáveis, embora alguns trabalhos contestem esses valores.

Abaixo incluímos um guia de orientação para conseguirmos aproveitamento máximo das informações obtidas da condução nervosa nas diversas doenças do sistema nervoso periférico:
Doenças do neurônio motor: dois membros superiores e dois membros inferiores.
Radiculopatias cervicais: dois membros superiores.
Radiculopatias lombossacrais: dois membros inferiores.
Plexopatias cervicais: dois membros superiores.
Plexopatias lombossacrais: dois membros inferiores.
Mononeuropatias do membro superior: dois membros superiores.
Mononeuropatias do membro inferior: dois membros inferiores.
Polineuropatias: dois membros superiores e dois membros inferiores.
Mononeuropatia múltipla: dois membros superiores e dois membros inferiores.
Miopatias: dois membros superiores e dois membros inferiores.
Doenças da transmissão neuromuscular: um membro superior, um membro inferior e estimulação nervosa repetitiva dos nervos facial, acessório e ulnar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário